26 de novembro de 2008

Sida: «Entre 30 a 40 por cento dos doentes são diagnosticados tardiamente»

26.11.2008 - 20h05 Lusa

As detecções precoces do vírus da Sida em Portugal rondam 70 por cento dos casos, revelou hoje, em Lisboa, o coordenador nacional para a infecção VIH/Sida, Henrique Barros.


Os responsáveis defendem que a educação sexual
deve começar logo nos primeiros anos de vida

"As detecções precoces rondam os 70 por cento e esses casos chegam numa fase manuseável, mas os outros 30 por cento já chegam tarde", adiantou Henrique Barros no final da reunião do Conselho Nacional para a Infecção VIH/Sida, em Lisboa. O coordenador nacional disse aos jornalistas que a infecção deve ser detectada de "preferência quando as pessoas não têm nenhum sintoma", podendo "programar de uma forma mais eficaz o tratamento".

No entanto, alertou para o facto de não se confundir "casos diagnosticados com infecções que ocorreram ontem". "Se continuarmos a investir na detecção precoce, estamos a ser capazes de encontrar infecções que foram adquiridas há um ano ou mais". Este ano foram diagnosticados aproximadamente dois mil casos de infecção mas, segundo Henrique Barros, "não se pode dizer que a infecção está a subir simplesmente porque o número de casos que se conhece é maior".

A ministra da Saúde, Ana Jorge, que presidiu à reunião, afirmou que o VIH/Sida tem tido mais incidência nos heterossexuais, pois houve "algum descuido por se pensar que a Sida era uma doença crónica com que não se morre tão cedo". "Felizmente temos tratamentos para a infecção e as pessoas não têm dado importância ao uso do preservativo, porque o medo da morte e o sofrimento são menores", acrescentou.

Ana Jorge sublinhou que as prioridades de actuação incidem, essencialmente, na "prevenção, no tratamento cada vez melhor dos doentes", no fazer "com que eles adiram à terapêutica" e na tentativa de "evitar novos casos de infecção". Segundo Henrique Barros, "as pessoas que sabem que estão infectadas têm menos comportamentos de risco, ou seja, usam mais o preservativo e não trocam seringas", contribuindo para a prevenção.

Questionada sobre a implementação da educação sexual nas escolas do primeiro ciclo, a ministra considerou que a educação sexual "começa em casa". "Se a mãe souber responder ao filho de três anos como é que nasceu o irmão, estamos a aumentar muito a educação sexual, porque a responsabilidade é das escolas, mas também de toda a comunidade". Por sua vez, Henrique Barros frisou que não se pode levar a educação sexual ao "ridículo de como se ensina a matemática ou a biologia", na medida em que é uma "coisa central à vida e que tem a ver com os valores e depois com a saúde".

A reunião do Conselho Nacional para a Infecção VIH/Sida vem no seguimento da assinatura de um Código de Conduta Empresas e VIH/Sida, na sexta-feira passada, em que várias empresas privadas se comprometeram em acabar com actos discriminatórios no meio laboral e em facilitar a divulgação de informação sobre a doença junto dos trabalhadores.
Público

Nenhum comentário:

Se correu alguma situação de risco

Quanto mais cedo for detectada a infecção mais eficaz será o tratamento e mais anos de vida terá.