27.11.2008 - 15h39 Romana Borja-Santos
O estudo revelou que ainda há muito
desconhecimento face aos comportamentos de risco
De acordo com o mesmo estudo, realizado no âmbito do Dia Mundial da Luta Contra a Sida, que se celebra a 1 de Dezembro, 43 por cento dos inquiridos considera que esta é a segunda doença mais grave em Portugal, depois do cancro (76 por cento), e 24 por cento refere que os portadores de VIH/Sida são dos grupos mais discriminados pela sociedade.
Ainda assim, há muito desconhecimento face aos comportamentos de risco e o medo e a injustiça são os principais sentimentos gerados pela doença. Cerca de 93 por cento das pessoas que participaram no estudo dizem que as pessoas infectadas com o vírus são discriminadas, e apenas 37 por cento sentem que este tratamento diferencial tem reduzido. O estudo revela, ainda, que uma grande parte das pessoas não tem uma ideia muito clara do número de infectados, nem da sua faixa etária. Embora a maioria dos inquiridos (77 por cento) associe o risco às relações sexuais não protegidas (não utilização de preservativo), a multiplicidade de parceiros sexuais é considerada por apenas 14 por cento.
Quanto à atitude das diferentes entidades no combate à Sida, são as áreas ligadas à saúde, à investigação e à solidariedade social que têm uma atitude mais empenhada, para os entrevistados. Do lado contrário está o Estado, os líderes de opinião, a igreja Católica e os Empregadores, vendo 58 por cento dos inquiridos estes últimos com desconfiança.
Campanhas publicitárias pouco recordadas
Para os inquiridos as campanhas de publicidade mais eficazes são as que apelam à prevenção, ao uso de preservativo e à necessidade de um diagnóstico precoce. São estas que a população melhor recorda. Porém, a grande maioria é indiferente a muitas delas – apenas 49 por cento recorda com alguma facilidade as campanhas publicitárias levadas a cabo nas últimas décadas.
O estudo - elaborado pelo Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Católica Portuguesa com o apoio da Tibotec – baseou-se num inquérito realizado em Novembro junto de 603 portugueses, de ambos os sexos, entre os 18 e os 65 anos, sobre temas de saúde pública. “Pretende-se que as conclusões possam dar um contributo fundamentado para se ultrapassar o medo, gerando novas atitudes face às pessoas seropositivas e à doença”, explicou Castro Caldas, médico neurologista e Director do ICS.
Em Portugal, o primeiro caso foi detectado em 1983, no Hospital Curry Cabral. Segundo estimativas para Portugal do Programa Conjunto das Nações Unidas para a Infecção VIH/Sida, existirão no país cerca de 32 mil pessoas infectadas, entre os indivíduos do grupo etário dos 15-49 anos. Assume-se para este cálculo um número de infectados não diagnosticados de 30 por cento, de acordo com a média da União Europeia.
De acordo com a classificação adoptada pela OMS, a epidemia portuguesa é do tipo concentrado. A prevalência na população geral portuguesa é inferior a um por cento, mas pelo menos em dois grupos vulneráveis (utilizadores de drogas injectáveis e reclusos) é superior a cinco por cento. No caso dos grupos de utentes que recorreram em 2004 às diferentes estruturas de tratamento da toxicodependência, as percentagens de positividade para o VIH variaram entre os 12 por cento e os 28 por cento. O relatório diz também que o peso relativo das vias de transmissão da infecção tem-se modificado em Portugal, mas os utilizadores de drogas injectáveis representaram, desde o início da epidemia e até 1999, a maior proporção de infectados.
Fonte: Público
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