30 de janeiro de 2009

Projecto em Cabo Verde mostra a seropositivos que podem viver normalmente

Mais de 40 seropositivos da ilha de São Vicente estão a ser apoiados pela Cruz Vermelha de Cabo Verde, no âmbito de um projecto que pretende mostrar-lhes que, apesar da doença, podem viver normalmente.

O projecto "Viver sem Medo" iniciou-se em 2004 e aposta sobretudo na sensibilização para o HIV/SIDA e no apoio aos doentes e às suas famílias.

"Queremos mostrar-lhes que, apesar da sua condição, ainda podem viver a sua vida", disse a presidente da Cruz Vermelha de Cabo Verde, Eloísa Borges, que falava no Fórum Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha de Língua Portuguesa, que termina hoje em Lisboa.

A ilha de São Vicente foi a escolhida para se implementar o projecto por se tratar de um local "onde as pessoas não têm problemas em assumir a sua seropositividade", explicou Eloísa Borges.

Ajudar as pessoas portadoras de HIV/SIDA, combater a discriminação, apoiar a sua reinserção social, disponibilizar cuidados de saúde e apoiar materialmente (com alimentos, medicamentos, vestuário e material escolar) os doentes e as famílias em caso de necessidade são alguns dos objectivos do projecto.

Sublinhando que a sensibilização dos doentes e da população em geral é a "parte mais importante", a responsável admitiu que "não é fácil reintegrar seropositivos".

"Temos um protocolo com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, mas não é fácil reintegrar os seropositivos. Conseguimos empregar alguns em casas de comércio, mas nem todos. O preconceito é muito grande", sublinhou.

Eloísa Borges fez ainda um retrato dos seropositivos da ilha de São Vicente, dizendo que são maioritariamente homens, sem profissão definida e toxicodependentes, tendo contraído a doença através de agulhas e não pela via sexual.

"Viver sem Medo" desenvolve-se em duas vertentes: apoio directo no centro da Cruz Vermelha na ilha de São Vicente, onde vão actualmente 21 pessoas, e apoio ao domicílio, prestado a 25 doentes.

Além de uma rede de voluntários, este projecto conta também com os serviços de um médico clínico e de um psicólogo.

Os custos do projecto são de seis milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 55 mil euros) por ano, metade dos quais são da responsabilidade da Cruz Vermelha de Cabo Verde e o restante do Comité Nacional de Luta Contra a SIDA cabo-verdiano.

"É um projecto muito pequeno, mas representa o nosso contributo nesta luta", resumiu Eloísa Borges.

Fonte: Lusa 30 de Janeiro de 2009, 12:30

Nenhum comentário:

Se correu alguma situação de risco

Quanto mais cedo for detectada a infecção mais eficaz será o tratamento e mais anos de vida terá.