18 de janeiro de 2009

Preservativos ecológicos podem salvar Amazónia

Fica no Brasil a primeira fábrica de preservativos ecológicos do mundo. As "camisinhas" são feitas com látex de seringueiras da Amazónia, as árvores da borracha.

Já se sabia que a Amazónia é o "pulmão" do mundo. Sabe-se agora, também, que a floresta pode contribuir para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, em especial a Sida, e para a preservação do meio ambiente. As seringueiras da Amazónia estão a fornecer a matéria-prima para o fabrico de preservativos ecológicos.

As "camisinhas" (como são vulgarmente conhecidos os preservativos no Brasil) feitas com látex de seringueiras nativas da região do Xapuri estão a ser fabricadas no meio da floresta. A fábrica Natex está localizada no Estado do Acre, no Norte do país, fronteira com o do Amazonas.

Os novos preservativos (testados em tubos de 7,5 cm de diâmetro para prova de resistência à pressão) são certificados pelo Instituto de Controlo de Qualidade Falcão Bauer e passaram pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a ASAE brasileira.
100 milhões preservativos naturais por ano

O Estado brasileiro onde se situa a Natex é coberto, em grande parte, por reservas florestais, indígenas e extrativistas (termo usado no Brasil para designar a área onde se pode extrair o látex das seringueiras).

A "fábrica do amor", assim denominada pelo secretário de Vigilância e Saúde, Gerson Penna, foi inaugurada pelo Governo brasileiro em Abril do ano passado, no Dia Mundial da Saúde.

"É uma fábrica que dá resposta à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, valoriza os produtos das reservas extrativistas, cria novos padrões de produção e, ao mesmo tempo, valoriza a floresta em pé (os seringueiros foram treinados para extrair o látex puro sem destruir as árvores)", afirmou a então Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no dia da inauguração.

Segundo o director-adjunto do Programa brasileiro de Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS, Eduardo Barbosa, "a importância dessa fábrica é associar uma questão de saúde pública e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com um sistema de economia sustentável".

A unidade foi financiada pelo Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, Ministério da Integração Regional e BID-Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros organismos.

Até ao final do ano, a Natex produzirá 100 milhões de preservativos naturais. O projecto prevê, também, a realização de pesquisas para o desenvolvimento de outros produtos naturais, tais como gel lubrificante.
Reduzir número de infectados pelo HIV

A fábrica de preservativos ecológicos gerou 150 novos postos de trabalho, tendo melhorado a qualidade de vida de 550 famílias da Reserva Extrativista Chico Mendes (activista ambiental assassinado em 1988 por ter denunciado a devastação da floresta e a expulsão de seringueiros em Xapuri).

O Brasil é o maior importador de preservativos do mundo. A iniciativa irá contribuir, também, para a redução das importações.

Recorde-se que em 2004 o Presidente Luís Inácio Lula da Silva lançou uma campanha preventiva que reduziu de 500 000 para 380 mil o número de portadores de Sida e em 22% as taxas de outras doenças venéreas.

A táctica do Governo brasileiro consiste em distribuir preservativos de forma gratuita nos centros turísticos - sobretudo no Rio de Janeiro durante o Carnaval -, em zonas de prostituição das cidades e nos bordéis flutuantes da bacia do rio Amazonas.

A instalação da fábrica de preservativos no meio da floresta faz parte da estratégia de reduzir para menos de 100 000 o número de pessoas infectadas com o vírus HIV da Sida, no prazo de cinco anos.
In Expresso

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