Trabalhadora do sexo em Kibera,
favela de Nairóbi
NAIRÓBI, 10 Setembro 2008 (PlusNews) - Um estudo sobre trabalhadoras do sexo quenianas que parecem ser imunes ao HIV poderia fornecer pistas importantes para o desenvolvimento de uma vacina efectiva contra a SIDA.
Uma equipa de pesquisadores da Universidade de Manitoba, no Canadá, e da Universidade de Nairóbi, no Quénia, que está a estudar um grupo de trabalhadoras do sexo quenianas há mais de 20 anos, identificou recentemente mais de 15 proteínas em algumas das mulheres que parecem ser indicativos de imunidade natural ao HIV.
Blake Ball, professor de microbiologia da Universidade de Manitoba e um dos principais pesquisadores, afirmou que 140 mulheres num grupo de duas mil trabalhadoras do sexo estabelecido em 1985 permaneceram negativas apesar da recorrente exposição ao vírus, e poderiam fornecer “a melhor possibilidade de identificar correlação com a protecção [contra a infecção por HIV]”.
Num estudo piloto, os pesquisadores examinaram as secreções genitais de 10 das trabalhadoras do sexo que pareciam ser resistentes ao HIV e compararam-nas com as amostras de mulheres seropositivas e seronegativas.
Eles encontraram 15 proteínas presentes em níveis mais altos nas mulheres resistentes ao HIV do que nas outras mulheres, em alguns casos oito vezes mais altos. “Nós achamos que essas proteínas podem ter um papel na protecção dessas mulheres à infecção por HIV”, disse Ball.
As descobertas geraram entusiasmo na área de prevenção ao HIV, especialmente entre os pesquisadores de vacinas que recentemente sofreram diversos contratempos. Em Setembro de 2007, um teste foi interrompido após resultados preliminares mostrarem que não apenas a potencial vacina não protegia as pessoas do vírus, como pode, na verdade, tê-las posto sob maior risco de infecção.
Em Julho de 2008, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Contagiosas dos EUA (US National Institute of Allergy and Infectious Diseases, em inglês) anunciou que não iria levar adiante um teste com uma vacina envolvendo 8.500 participantes para testar uma candidata com propriedades semelhantes a que falhou no ano anterior.
“Apesar de não serem directamente aplicáveis como modelo de vacina anti-HIV, esses estudos [entre trabalhadoras do sexo quenianos] podem ser informativos”, afirmou Ball. “A aplicação mais directa pode ser em relação ao desenvolvimento de microbicidas, e essas proteínas podem ser candidatas ao desenvolvimento de um microbicida baseado em proteínas humanas.”
Microbicidas incluem uma variedade de produtos controlados por mulheres – incluindo géis, filmes e esponjas – que estão sendo testados para saber se podem ajudar as mulheres a proteger-se do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis.
Pauline Irungu, coordenadora do Leste da África para a Campanha Global por Microbicidas, uma coalizão de organizações que trabalham para agilizar a pesquisa com microbicidas, descreveu a pesquisa queniana como “animadora”.
“Embora seja um pouco cedo para dizer se esse estudo em particular levará ao desenvolvimento de novos possíveis microbicidas, esses tipos de avanço proporcionam um entendimento melhor dos factores biológicos e sócio-económicos que influenciam na transmissão de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis”, disse. “É esse tipo de pesquisa básica que nos ajudará a desenvolver novas ferramentas para conter a disseminação de HIV.”
Ball enfatizou que as descobertas ainda eram preliminares e precisariam ser repetidas num grupo maior de mulheres. Pesquisas futuras também serão necessárias para determinar a biologia precisa das proteínas isoladas.
PlusNews
Notícias e análises sobre HIV e Sida
N E W S
11 de setembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Se correu alguma situação de risco
Quanto mais cedo for detectada a infecção mais eficaz será o tratamento e mais anos de vida terá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário