18 de agosto de 2008

Pedida acção universal no tratamento da sida

Prevenção e terapia são foco da conferência internacional sobre a doença
2008-08-03
EDUARDA FERREIRA *

A Cidade do México recebe agora a reunião máxima sobre sida. Ali afluem cientistas, activistas e decisores. O Mundo não está a deter a epidemia. A prevenção continua a melhor arma contra o vírus, dizem especialistas.

Não há ainda vacina contra o vírus da imuno-deficiência humana (VIH), mas os tratamentos estão a mostrar-se cada vez mais eficazes. Contudo, estes não chegam ainda à maioria dos 33 milhões de infectados em todo o Mundo e a doença continua a propagar-se, tornando seropositivos mais 2,7 milhões em cada ano. Esta realidade inspira o lema da XVII Conferência Internacional sobre a sida (AIDS 2008), que a partir de hoje e por cinco dias reúne na Cidade do México. "Acção Universal, Já!" é o apelo lançado.

O que os organizadores da conferência pretendem pôr em foco é a necessidade de uma resposta mais célere da comunidade internacional face a um vírus que já ceifou a vida a 26 milhões de pessoas desde que foi identificado, há 25 anos. É certo que falharam até agora as tentativas para encontrar uma vacina, mas as terapias múltiplas estão a resultar num aumento muito significativo da esperança de vida das pessoas infectadas, quase se podendo falar numa doença crónica, como assinalava o último relatório da ONUSIDA publicado na passada semana. Esta agência em que participam as Nações Unidas precisaria de cerca de 30 mil milhões de euros por ano para que, em 2010, prevenção e tratamento estivessem assegurados universalmente. No entanto, os financiamentos do no ano passado nem chegaram a um quarto daquela verba. Sem reforço financeiro, que teria de ser secundado pelos governos, torna-se difícil estacar o passo da epidemia, considera Pedro Cahn, um director da Sociedade Internacional para a Sida, a organização que assume a coordenação da conferência. "É difícil combater a epidemia se não falarmos de educação sexual", afirma, para indicar que a prevenção requer acções múltiplas, tal como a natureza das terapias. Sobre estas, o chefe do Serviço de Infecciologia do Hospital Egas Moniz, de Lisboa, considera que "nunca se avançou tanto e em tão pouco tempo no tratamento de uma doença vírica". Kamal Mansinho dá como termo de comparação as vacinas da poliomielite e do sarampo, que demoraram 40 anos a alcançar.

Abordagem social

A conferência no México reúne 22 mil pessoas, desde especialistas sobre sida a líderes mundiais que se destacaram na luta contra a doença. Também associações estão ali presentes, marcando na agenda, entre outros pontos, o problema das crianças seropositivas ou tornadas órfãs pela epidemia. Ali serão expostos também os problemas do pessoal de saúde, que luta contra todo o tipo de carências, sobretudo nos países em desenvolvimento.

Ontem, em véspera da reunião, a capital mexicana acolheu a Primeira Marcha Internacional contra a Estigmatização, Discriminação e Homofobia. Os activistas reclamaram mais educação para a tolerância e a despenalização universal da homosexualidade. O relatório da ONUSIDA e o departamento de controlo de doenças dos Estados Unidos chamaram, entretanto, a atenção para o facto de a epidemia neste país ter a sua expressão mais elevada entre os homosexuais e bissexuais (28 mil face aos 17 mil novos casos em heterossexuais em cada ano) devido a comportamentos de risco assumidos porque a doença já tem alguns tratamentos.

Jornal de Notícias.pt

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Se correu alguma situação de risco

Quanto mais cedo for detectada a infecção mais eficaz será o tratamento e mais anos de vida terá.