6 de agosto de 2008

Espanha vai ajudar a remover "marcas" da sida

Intervenção já se faz em Portugal, mas sem hipótese de comparticipação. Conferência sublinha prevenção

06 Agosto 2008,00h43m
SÉRGIO DUARTE *, * COM AGÊNCIAS


Em Espanha, cirurgias para disfarçar "marcas de sida" vão passar a ser reembolsadas. Em Portugal, estas intervenções são frequentes mas a Ordem dos Médicos duvida que, por razões financeiras, se venham a adoptar medidas semelhantes.

Os tratamentos para corrigir as marcas no rosto dos doentes com Sida realizam-se com frequência em clínicas e consultórios privados em Portugal, segundo o presidente do Colégio de Cirurgia Plástica da Ordem dos Médicos, Vítor Santos Fernandes.

Durante a Conferência Internacional sobre Sida que se realiza no México, o Governo espanhol anunciou a intenção de incluir as cirurgias da lipoatrofia da cara para os seropositivos, no quadro dos reembolsos da segurança social. Uma medida que o especialista da Ordem dos Médicos duvida vir a ter acolhimento em Portugal, por razões orçamentais.

Vítor Santos Fernandes explicou que a lipoatrofia da cara "é um efeito secundário dos tratamentos com anti-retrovirais". Os doentes procuram muito este tipo de tratamento, "porque a lipoatrofia é uma marca da doença e traz um grande estigma", explicou.

Em relação à conferência que decorre até sexta-feira no México, o Alto Comissariado da Saúde admitiu ontem não haver financiamento autónomo para deslocações de organizações não governamentais (ONG) da área VIH/Sida a conferências, mas indicou estar à procura de soluções no âmbito do novo quadro legislativo.

Várias ONG criticaram segunda-feira a falta de pagamento de uma bolsa da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida porque, ao contrário do que era costume, as associações não receberam dinheiro e apenas a Fundação Portuguesa contra a Sida tem um "stand" no México.

Os especialistas internacionais reunidos, desde domingo, na conferência sobre a Sida, têm vindo a insistir na necessidade de apostar na prevenção, salientando que é necessário "combinar meios" para evitar a doença, do mesmo modo que há uma "combinação de tratamentos" para a debelar.

"É essencial combinar as intervenções em vez de nos concentrarmos numa abordagem única", sublinhou Geoffrey Garnett, professor de epidemiologia do Imperial College de Londres, acrescentando ser necessária "uma prevenção múltipla", que crie "uma sinergia".

Para além da circuncisão, do uso de preservativo, da não reutilização de seringas, a prevenção inclui também a mudança dos hábitos sexuais, nomeadamente a diminuição do número de parceiros e um início mais tardio da vida sexual.

O director do Instituto de Doenças Infecciosas do Uganda salientou o muito que ainda há fazer em África neste campo, uma vez que "menos de 10%" das pessoas pertencentes a grupos de risco têm acesso a prevenção apropriada. Deixou ainda o alerta para aumentar as medidas de despistagem, porque "apenas 20% dos seropositivos sabem estar infectados".

Jornal de Notícias.pt

Nenhum comentário:

Se correu alguma situação de risco

Quanto mais cedo for detectada a infecção mais eficaz será o tratamento e mais anos de vida terá.