Se há pouco tempo o Governo da África do Sul era criticado por estar a indicar alho e beterraba para o tratamento da Sida, em breve, o país presidido por Jacob Zuma deverá receber elogios internacionais no combate dessa epidemia.
De acordo com o jornal Globe and Mail, do Canadá, Zuma e seus ministros planeiam fazer o teste de HIV em público no próximo Dia Mundial de Luta contra a Sida, 1 de Dezembro.
O teste será parte de uma grande expansão da testagem do HIV na África do Sul, onde segundo as Nações Unidas, 18.1 por cento dos adultos são seropositivos.
O antigo presidente, Thabo Mbeki, tornou-se famoso por questionar o valor dos antiretrovirais e por ter sugerido a possibilidade da Sida não ser causada pelo HIV.
Um estudo recente, dirigido por pesquisadores da Universidade de Harvard, Estados Unidos, revelou que a hostilidade do Governo Mbeki para o tratamento padrão da Sida causou 365 mil mortes prematuras na África do Sul entre 2000 e 2005.
Mbeki sempre se recusou a fazer o teste, apelidando-o de “golpe publicitário”, apesar de evidências mostrarem que o teste pode ajudar a prevenir milhares de óbitos.
A ministra da Saúde do Governo Mbeki, Manto Tshabalala-Msimang, propôs que a Sida fosse tratada com remédios tradicionais africanos como o alho, o sumo de limão e a raiz de beterraba, apesar de saber que milhares de sul-africanos estavam morrendo por falta de acesso aos antiretrovirais.
Tshabalala-Msimang reclamava que os medicamentos eram muito “tóxicos.”
O próprio Zuma havia apresentado ignorância sobre as questões da epidemia durante o seu julgamento por acusações de estupro em 2006, quando ele testemunhou que tinha tomado um banho depois do sexo com uma mulher seropositiva para se proteger do vírus.
Mas agora, segundo o Mail and Globe, o Governo sul-africano está a fazer uma mudança radical contra a epidemia.
Em uma série de discursos nas últimas semanas, Zuma e seu Ministro da Saúde, Aaron Mutsoaledi, instaram para uma batalha urgente contra a Sida.
Eles alertaram que uma rápida escalada da epideia está dizimando o país, matando especialmente cidadãos com menos de 50 anos.
“Onde quer que vá por todo a África do Sul, você ouve pessoas lamentando a frequência com a qual perdem seus familiares e amigos”, afirmou Zuma, acrescentando que,”com essa taxa, existe um perigo real de que o número de mortes supere o número de nascimentos”.
Em uma apresentação do último relatório da Sida, semana passada, o actual Ministro da Saúde culpou o Governo dos últimos 10 anos pelo actual cenário.
“Nossa atitude em relação ao HIV e SIDA nos coloca onde estamos. No passado, nós não estávamos a combater o HIV, mas sim estávamos lutando uns contra os outros”, rematou.
O teste público de Zuma, bem como a nova e ambiciosa campanha geral, deverá ser anunciado no dia 1 de Dezembro.
A ideia é médicos e enfermeiros oferecerem o teste de HIV a todos os seus pacientes, e às celebridades cabe a missão de exortar a importância da testagem.
“Esta será uma campanha de mobilização massiva”, disse Zuma. “Todos os sul-africanos precisam saber o seu estado de seropositividade e ser informados sobre as opções que têm de tratamento”, acrescentou.
Um grupo de activistas da organização Treatment Action Campaign (Campanha de Acção para o Tratamento, em Português), disse que o discurso de Zuma foi um dos mais importantes na história do combate ao HIV e Sida no país.
“Com este discurso apoiado pelo Governo, a luta contra Sida toma outro rumo”, disse um dos membros do grupo.
Jacob Zuma prometeu diminuir a taxa de novas infecções pela metade e fornecer antiretrovirais para 80 por cento das pessoas que deles precisam até 2011.
Globe and Mail – 17.11.2009
Fonte
CRIASnotícias